Na última quarta-feira, o ex-governador Ronaldo Lessa recebeu 14 blogueiros em sua casa para um bate-papo sobre política. Muito simpático e aparentemente honesto no que falou, não se negou a responder nada e deu declarações que não estamos habituados a ler nos meios de comunicação de massa.

Lessa, que foi prefeito de Maceió e governou Alagoas por dois mandatos consecutivos, credita, da sua parte, muita qualidade aos seus programas de combate à mortalidade infantil e reestruturação da educação no Estado.

De fato, é inegável que houveram avanços nessas áreas um pouco maiores que nos governos de seus antecessores. Mas ainda assim foram avanços insuficientes, que não tiraram Alagoas da última posição dos indicadores sociais, e ainda nos mantém num nível de desenvolvimento humanístico e qualidade de vida da população alarmante, defasado em relação ao restante do Brasil.

E falo do momento referente ao final do governo de Ronaldo Lessa, em 2006, não do tempo atual.

A notícia de que Lessa pode ser preso a qualquer momento por ter sido condenado a passar os finais de semana na Casa de Custódia é falsa. Segundo o ex-governador, ele recorreu do processo em Pernambuco e livrou-se da sentença condenatória.

Lessa lembrou com nostalgia que o pai do atual governador (maior adversário político de Lessa no momento), Teotônio Brandão Vilela, teve relação de íntima confiança para com ele, indicando-o como seu representante em eventos dos mais diversos – inclusive como candidato ao governo do Estado, em 1986. A antiga relação com o menestrel das Alagoas é uma peça afetiva que muito orgulha as lembranças de Ronaldo Lessa.

Sobre as denúncias de favorecimento do secretário Luiz Otávio Gomes aos seus clientes, iniciadas por Alexandre Fleming e por mim, Lessa – crítico assumido da gestão do PSDB – acredita que isso representa apenas um pequeno aspecto das práticas que o governo atual se utiliza.

As alianças com o próprio Vilela e Collor foram questionadas. Sobre Teotônio, ele disse que rompeu (e se retirou do governo) assim que o atual governador cancelou os aumentos anteriormente concedidos aos servidores públicos. Lamentou que PSB e PPS tenham continuado suas caminhadas ao lado do PSDB, mas não mostrou arrependimentos de sua atuação quanto a esta ruptura.

Os números apresentados pelo atual governo como frutos de um “rombo” financeiro herdado do governo Lessa foram tratados como má-fé. Segundo Ronaldo Lessa, R$400 milhões não representam uma “quebra” do Estado, que pagou – fruto de dívidas! – ao governo federal somente em 2010 cerca de R$500 milhões. Para se formar o número propagandeado, até mesmo a folha salarial dos servidores foi inserida na conta.

Sobre Collor, Lessa admitiu ser uma composição de aliança fruto de um segundo turno político. Não viu problemas morais, disse que não procurou Collor e que o senador somente manteve sua coerência, já que apoiou Lula e Dilma durante sua campanha. Reconheceu que Collor fez algumas pessoas não votarem nele (casos isolados em sua visão!), mas que no interior o ex-presidente ainda tem muita força e o elevou em municípios que a votação – sem o apoio de Collor – não seria tão expressiva. Em poucas palavras: foi uma aliança eleitoral.

Se Lessa ganhasse? Teria que abrigar apadrinhados de Collor em seu governo, mas não daria para eles pastas como a de educação, exemplificou. Se Collor e Teotônio fizessem o segundo turno? Lessa apoiaria Collor contra Vilela. Apoio polêmico? Sim, mas são as palavras do próprio.

A composição política da eleição de Maceió em 2012 já tem seus primeiros movimentos iniciados e Ronaldo Lessa deixa seu nome disponível. Em outras palavras: ele vai concorrer!

Quer ter em seu grupo, se possível, o atual prefeito Cícero Almeida, mesmo que a palavra dele seja volátil e que esteja saindo do cargo com várias denúncias de corrupção pouco elucidadas. Mas quem já dividiu um palanque com Collor, não tem mais pudor em fazer isso nem com Satanás, certo?

Exageros e brincadeiras de lado, Ronaldo Lessa é um nome de peso e certamente ocupará posição de destaque no pleito do ano que vem – na pior das hipóteses, chega em um segundo turno.

Tive um encontro com Lessa, no mesmo espaço, no distante 2002, quando ele foi até a Ufal debater no auditório da reitoria com os estudantes, época em que disputava sua reeleição estadual em campanha polarizada contra Collor.

O encontro da última quarta-feira foi de maior proximidade. Deu pra perceber que, com mais de seis décadas de vida, Lessa mudou muito. Não é mais aquele candidato “do contra” que foi em 1992, quando emergiu na votação após o Fora Collor. Ainda tem gás para disputar eleições e, se formos olhar o cenário e o contexto atual em Alagoas, é um dos nomes que podem dar contribuições no campo progressista das mais significativas.

Quem é o entrevistado?

Ronaldo Augusto Lessa Santos, nascido em 25 de abril, tem 62 anos e é filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Formado em engenharia civil pela Ufal, ganhou as eleições para a prefeitura de Maceió em 1992 e emplacou sua sucessora, Kátia Born, quatro anos depois.

Chegou ao governo de Alagoas em 1999, após derrotar o então governador Manoel Gomes de Barros no primeiro turno do pleito de 1998. Quatro anos depois, também em primeiro turno, se reelegeu governador, onde ficou até 2006 e elegeu seu sucessor, apesar de não ter vencido na vaga que concorreu para o senado.

Em 2010 concorreu pela quarta vez ao governo do Estado (a primeira foi em 1986, quando ficou em terceiro lugar), mas foi derrotado no segundo turno.

Mais sobre o #LessaBlogs?

Clique aqui para ver minha postagem no Blog do Mário Júnior ou clique aqui para ver de onde surgiu essa iniciativa!
- Viu ontem? Mais um protesto do Greenpeace contra a pesca das baleias. Só fazem aquilo para aparecer. O que precisamos é de uma transformação ambiental que vá à raiz dos problemas – disse o primeiro, vestido de vermelho.
- E ainda temos a crise econômica. Isso é o que dá alimentar um sistema econômico que utiliza o ambiente sem pensar na sua conservação. Acho até que nem precisa “revolucionar”, basta que se erga uma recuperação econômica baseada no desenvolvimento sustentável e no maior controle estatal – disse o segundo, vestido de verde.
- É... Pode até ser, mas acho que o problema é que crescemos demais. Já está na hora das economias mundiais desenvolvidas pararem. Ao menos, os subdesenvolvidos podem chegar ao desenvolvimento de forma sustentável, tanto econômica quanto ambientalmente falando – disse o terceiro, vestido com uma camisa dessas modernas.
Essa até que poderia ser uma conversa de bar, afinal de contas a discussão sobre os problemas causados pela degradação ambiental cada ano que passa se torna uma pauta mais freqüente no cotidiano mundial.

Com a crise econômica iniciada no país-base do capitalismo, os Estados Unidos, muitos passaram a perceber que algo andava errado e 1alguns passaram a acreditar que o início da solução para todos os problemas poderia estar no meio ambiente. E é sobre três dessas “sugestões”, exemplificadas pelos personagens do diálogo inicial, que trataremos aqui.

GREEN NEW DEAL
Reunindo-se desde 2007, quando começou a crise imobiliária estadunidense, o Green New Deal Group traz a sua proposta já em seu nome. Baseado no “corajoso programa de Franklin D. Roosevelt” após a Grande Crise de 1929, os associados traçam uma reflexão sobre a extensão dos perigos para a tripla crise: econômica, energética e ambiental.

O grupo é formado por nove pessoas, entre representantes de ONGs ambientais (como o Greenpeace), um jornalista (Larry Eliot, editor de economia do Guardian) e o diretor-político das nef (novas fundações econômicas, sigla em inglês), as quais é dedicada a ideia.

Em julho de 2008, eles divulgaram o primeiro relatório com a análise da situação atual e suas propostas para revitalizar o mundo, intitulado A Green New Deal. “Nós chamamos nosso programa de Green New Deal (GND) – algo que combina estabilização em sentido estrito com um longo tempo de reestruturação das finanças, taxação e sistemas energéticos. O programa é internacional no todo, mas exige ações locais, nacionais, regionais e globais”.

As três crises teriam origem no atual processo de globalização. A desregulação econômica criou créditos sem limite. Sem controle, foi permitida a utilização do meio além dos limites possíveis, o consumo insustentável. Assim, o GND pretende atuar sobre quatro sistemas que “dominam” o mundo: o mercado, o estado, a sociedade civil e o ecossistema.

Esta proposta é alicerçada em duas coisas. Primeiro, a transformação estrutural da regulação dos sistemas de finanças nacional e internacional, com maiores mudanças nos sistemas de taxação. E, em segundo lugar, um programa sustentável que invista no desenvolvimento da conservação energética e no desenvolvimento de energias renováveis, “acoplada com a efetiva demanda do mercado”.

Assim, o mercado voltaria a ter um controle maior dos Estados, com regras que poderiam valer para todo o mundo e as “sobras” econômicas iriam para um fundo voltado ao meio ambiente. E isto através de “uma aliança entre o movimento trabalhista e o movimento verde, entre aqueles engajados na manufatura e o setor público, entre sociedade civil e academia, indústria e todos que trabalham produtivamente nos serviços industriais”.

Segundo o professor Dr. José Eli da Veiga, do Dept. de Economia da USP (em artigo publicado em maio 2009 na revista Página 22, da Fundação Getúlio Vargas), “para que um New Deal pudesse ser realmente verde, seria necessária uma macroeconomia para sustentabilidade, que, além de reconhecer que existem sérios limites naturais à expansão das atividades econômicas, rompesse com a lógica social do consumismo”, que é uma das bases do sistema capitalista como um todo.

Para Veiga, é necessário um GND que “gerasse forte redistribuição geopolítica da oferta e da demanda globais, conforme os países mais avançados buscassem os caminhos de uma planejada prosperidade sem crescimento, única possibilidade de que suas economias venham a ser ambientalmente sustentáveis”.

STEADY-STATE
É baseado na “prosperidade sem crescimento”, apontado por Veiga, que apresentamos a segunda proposta de regulação sócio-ambiental: o steady-state (SSE). Em entrevista para a Página 22 de julho, o economista ecológico australiano Philip Lawn explicou que essa proposta se baseia não só na regulação do consumo e da liberação de resíduos no meio ambiente, mas, principalmente, na busca de uma melhor qualidade ao longo do tempo.

Assim, a “estabilização dos Estados” desenvolvidos, de forma a pararem de crescer, deveria ocorrer imediatamente, permitindo às nações pobres “crescer ecologicamente”, o que, segundo ele, é mais difícil porque não têm todas as opções naturais para se desenvolverem.

“[Uma economia em steady-state] é basicamente uma economia que não cresce, mas não quer dizer que estagna ou definha. Nela, bens e serviços são consumidos, o capital se desgasta e precisa ser substituído. Apenas o estoque de riqueza na economia cresce fisicamente. A SSE busca a melhora qualitativa desse estoque ao longo do tempo – a mesma quantidade de riqueza, mas de mais qualidade. E, se o estoque de riqueza melhora, melhora nosso bem-estar”, afirma Lawn.

Uma das principais atividades para isso é adotar esquemas de cap-and-trade para todos os recursos e resíduos. Este mecanismo, já utilizado para que alguns países diminuam a emissão de CO2 no meio ambiente, funciona da seguinte forma: o cap determina o limite e o trade permite que as pessoas negociem o acesso aos recursos e aos sistemas que assimilam resíduos, especialmente aqueles que por conta própria não conseguem chegar aos limites.

No caso, o mercado de carbono funciona através do Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), em que se remuneram as emissões evitadas de carbono, por meio da doação de recursos ou pela geração de créditos de carbono negociados em mercado.

A Unia Europeia prefere utilizar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que não leva em consideração as florestas, preservação e criação de novos espaços ambientais, por ver o mecanismo do Redd como “uma distração para o que realmente importa”: a redução das emissões das indústrias e do setor de energia.

Philip Lawn acrescenta a necessidade de “reformular o capitalismo para que beneficie a sociedade e os indivíduos”. Para ele, “o capitalismo não é o problema”, mas “temos que buscar uma forma diferente, que reconheça a importância da sociedade e dos indivíduos, não somente a economia”.

Para o economista ecológico, a escolha por uma transição suave para a SSE agora é extremamente necessária, senão a natureza imporá tal esquema para a sobrevivência humana. “Ou seja, a escolha é adotar a SSE por desenho ou por desastre”.

ECOSSOCIALISMO
A jornalista da Página 22 Amália Safatle demonstra essa preocupação: “O risco de inocular a sustentabilidade no capitalismo é que, em vez de usar o sistema para ‘rodar’ uma economia mais sustentável, este se aproprie da ideia, reempacote-a de acordo com os interesses dominantes e a use não para transformar, mas para manter o business as usual, sem mudanças fundamentais em paradigmas de consumo e produção”.

Como uma alternativa para todas essas propostas, os filósofos Joel Kovel e Michael Löwy tiveram a ideia ainda em 2001, num painel sobre ecologia e socialismo realizado em Vincennes-França, de elaborar um manifesto ecossocialista.

O Manifesto Ecossocialista foi publicado inicialmente como editorial, com dezoito subscrições, na revista Capitalism, Nature, Socialism - A Journal of Socialist Ecology em março de 2002. No Brasil, a publicação foi em maio de 2003, subscrito por 47 ambientalistas.

Os motivos para as crises são os mesmos: “Na nossa visão, as crises ecológicas e o colapso social estão profundamente relacionados e deveriam ser vistos como manifestações diferentes das mesmas forças estruturais”.

A diferença é que aqui se entende que o sistema capitalista não poderia regular, e muito menos superar, as crises que deflagrou: “Ele não pode resolver a crise ecológica porque fazê-lo implica em colocar limites ao processo de acumulação uma opção inaceitável para um sistema baseado na regra ‘cresça ou morra!’”.

Para eles, a sociedade se modificou em relação aos escritos sobre os socialismos anteriores e exige uma nova adequação, que deve se basear na crise ecológica, por isso o nome “ecossocialismo”. “O ecossocialismo insiste em redefinir a trajetória e objetivo da produção socialista em um contexto ecológico. O objetivo é a transformação das necessidades, uma profunda mudança de dimensão qualitativa, não quantitativa”, afirmam.

Tal proposta só poderia acontecer numa sociedade em que o consumo, e sua criação de necessidades, não fossem a prioridade. Assim, a proposta do ecossocialismo “se traduz em uma valorização dos valores de uso em detrimento dos valores de troca, um projeto de relevância de longo prazo baseado na atividade econômica imediata”.


CONVERSA
- Vimos a noite inteira a conversa entre aqueles três. Já tinha visto na televisão os problemas ambientais e as conseqüências para o mundo, mas não sabia que havia tanta gente pensando em propostas diferentes. Espero que dê tempo de alguma dar certo e salvar o planeta – disse alguém sentado na mesa ao lado.
Um bilhete premiado
18:48 | Author: Anderson Santos
"Bilhete premiado", "picanha azul" e "filé" são alguns dos nomes dados por ministros à descoberta recente do petróleo da região do pré-sal, segundo matéria de Kennedy Alencar e Valdo Cruz na edição de hoje da Folha de S.Paulo. Pois bem, daqui a alguns dias será anunciado como se dará a exploração desse petróleo, ou melhor, quem poderá realizá-la, e não faltam candidatos.

Meses atrás, a revista piauí trouxe uma reportagem sobre as agruras na busca do pote de ouro no final do arco-íris, numa verdadeira história de heróis que "não desistem nunca", mesmo que rios de dinheiro já tivessem sido derramados - e que poderiam ser à toa. De tão difícil de se achar, só faltou encontrarem duendes junto - apesar de aparecerem agora para enganar a quem "deixar" ser enganado.

Outro trunfo para essa descoberta está no fato de que algumas bacias petrolíferas brasileiras começarem a chegar no seu limite de produção e, principalmente, no valor cada dia mais crescente que teve o petróleo entre 2007 e 2008 - que alcançou mais de 140 dólares o barril!

Hoje, mesmo com o barril de petróleo bem abaixo desse valor, mais de 40 dólares, a crise econômica mundial vê nesta descoberta e prospecção como a última pepita de ouro do Eldorado. Aquilo que pode manter por mais alguns anos a estrutura que o próprio capitalismo mostrou ser mais destrutivo na medida que construía futilidades.

Ontem, em entrevista ao Jornal da Globo, o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos deixou bem claro os interesses ianques ao afirmar que o país se interesse em "investir" no pré-sal brasileiro, que, segundo especialistas ouvidos pela Folha, tem pouco risco. Em troca, o país pode comprar as armas que quiser com direito à transferência de tecnologia.

Tudo bem que vender armas é tudo o que a indústria bélica estadunidense quer - apesar das guerras bushianas continuarem no governo Obama - para continar a elevar seus lucros, mas um país chato, leia-se esperto, como os EUA não liberariam o acesso à fabricação dessas armas por pura bondade. O que só prova o bilhete premiado que o presidente tem nas mãos.

Segundo as informações, o Governo pretende ficar com 80% do petróleo do pré-sal para si, nos campos de maior rentabilidade. Aos outros, incluindo a mista Petrobras (com 60% do capital na mão de acionistas privados), caberá os 20% restantes e uma reanálise à medida que prospectarem regiões de pré-sal em que o petróleo ainda não foi achado.

E é aí que os EUA entram, com o empréstimo do Eximbanc ("banco de fomento às exportações do país) à Petrobras. Assim, a pressão nos próximos dias para que a porcentagem acima citada aumente será gigantesca. Vamos ver como anda a influência da Terra do Tio San no Governo Lula, que um dia participou de passeatas pedindo "Fora, FMI" e hoje se tornou mais um dos banqueiros.
A cara do Mangue...
13:52 | Author: Eli Magalhães
Bem pessoal, como é fácil notar, eu modifiquei o layout do Mangue Wireless. Não consultei os outros colaboradores, mas dava pra notar que o site estava bem feio antes.

Esse layout novo é do site www.btemplates.com, e há vários outros lá. É simples de mudar, então, qualquer coisa, voltamos ao normal em segundos. Fora este existem outros, mas achei este tudo a ver com a proposta do Mangue.

De qualquer maneira, foi só para avisar, caso alguém fique se perguntando, ou mesma queira modificar o layout. Alguns widgets foram perdidos, mas nada amedrontador. A contagem de visistas está cadastrada no Histats.com, mas eu não tenho a senha, salvo engano o Mário Jr. tem. Então é só recuperá-la lá.

É só. Quem tiver outras sugestões, ou quiser modificar o que foi feito... bem... à vontade.

Ainda no clima francês...
11:04 | Author: Eli Magalhães
A crise econômica mundial, apesar do que a mídia hegemônica vem tentanto fazer parecer, tem se aprofundado e atingindo, como não seria diferente, cada vez mais a classe trabalhadora. Algo de significativo vem sendo demonstrado por este abalo capitalista: a democracia encontra-se em apuros claros. Nas democracias modelo (Europa e EUA), a retirada de direitos tem se tornado uma constante. As demissões vêm sendo a mostra mais clara da retirada de dignidade dos trabalhadores durante este período.

Nos Estados Unidos a taxa de desemprego subiu para 9,5% e deve atingir os dois dígitos até o fim do ano. Na França, ela chega a 9,3%. Os dados são do Financial Times, reportagem de 21 de Julho. E os reflexos começam a aparecer.

Em 13 de Julho trabalhadores franceses ligados à CGT (Confederação Geral do Trabalho), empregados da New Fabris, em Chatellerault, ameaçaram explodir a fábrica em protesto pelas demissões. Cercaram o prédio com botijões de gás ligados uns aos outros por fios inflamáveis. Acionariam o "gatilho" dia 31 deste mês se não houvesse avanço nas negociações.

A pauta dos trabalhadores: indenização de 30 mil euros para cada demitido. Suas exigências se voltaram tanto à própria empregadora, quanto às principais clientes da mesma, a Renault e a PSA. O Ministro da Indústria francês, Christian Estrosi, ofereceu aos trabalhadores o pagamento de 95% dos seus salários em 12 meses. Segundo ele, mais de 200 demitidos já aceitaram isto que seria um "pacote de transição". Guy Eyermann, da CGT, disse que não é suficiente e, além disto, os 366 demitidos esperam novos empregos, e não apenas uma proposta de "transição" para a crise. Nada mais justo, afinal, esta não tem dado mostras desta transitoriedade tão breve quanto o governo francês desejaria. Além disto, tanto o governo fracês, quanto outros semelhantes, já gastaram muito mais do que isto com recuperação de bancos e empresas. Um pouco de recuperação para a classe trabalhadora para variar não seria mal.

Na última terça-feira, 21 de Julho, operários franceses de duas fábricas diferentes, em cidades distintas, mantiveram reféns executivos destas empresas em protesto aos efeitos da crise. Trabalhadores da Michellin, em Montceaus-les-Mines, mantiveram quatro executivos reféns. O incidente aconteceu depois que a empresa anunciou um planejamento de rebaixar, pelo menos, mil postos de trabalho em seus quadros até o fim do ano. Em Maulacene, o mesmo aconteceu em uma fábrica de papel de enrolar cigarros pertencente à norte-americana Alpharetta.

Enquanto isto, do outro lado do Atlântico, os americanos, que em algumas cidades chegam a experimentar uma duplicação da taxa de desemprego, continuam sem grandes mobilizações. A excessão foi uma ocupação fabril em Chicago, durante às últimas eleições, da qual Obama acabou se servindo de forma oportunista, declarando apoio. Claro, que um apoio limitado, afinal, atos radicais "não levam a lugar nenhum". (Talvez por isto ele também não acabe "radicalmente" com as ocupações militares herdadas de Bush, promessa que fez parte de sua campanha). A apatia dos trabalhadores americanos, em pleno olho do furacão do Capital, é fruto das campanhas anti-sindicais e anti-comunistas levadas a frente pelos governos deste país durante as últimas décadas. Some-se a euforia do american-proud e temos a receita perfeita para a retirada de direitos e rebaixamento do nível de vida.

Os executivos de ambas as fábricas francesas foram liberados na madrugada da quarta-feira, 22, através de negociações. A ocupação da Michellin contou com o "apoio" estatal para a negociação. A Ministra de Finanças da França condenou todos os "atos de violência e situações de chantagem (...) O que funciona é o diálogo". Uma pena a Ministra não reconhecer que nenhuma empresa tentou dialogar com os trabalhadores antes de decidir acabar com, simplesmente, mil postos de trabalho até o fim do ano.

Enquanto isto, no Brasil, a "marolinha" já fez evaporar quase 1 milhão de postos de trabalho. Isto para não falar na cifra-negra da informalidade, que chega a números alarmantes de trabalhadores sem garantias trabalhistas e sociais. A repressão aos movimentos sociais cresce de maneira absurda, e a greve na USP tem sido o exemplo mais famoso. Ainda não testemunhamos, de fato, um levante da classe trabalhadora nacional. Mas sem dúvidas, aguardamos o nosso próprio "Ano Francês".

Imagem acima: "Trabalhadores, levantai!", do russo Valentin. A. Serov.